Atemporal: o que transita no tempo.

Assim foi o médico, sociólogo, geógrafo, político e escritor pernambucano, Josué de Castro, que revolucionou os saberes acerca da fome, fenômeno com causas sociais, políticas e econômicas importantes.

A fome, antes de tudo, revelou-se aos olhos de Josué na infância, nos manguezais de Recife, onde as pessoas repetiam comportamentos daqueles que caçavam, os caranguejos. A partir de corpos deitados à procura de comida na lama do Capibaribe, o alimento surgia pela carne e caldo desse animal.

O ápice de seu trabalho e estudo se deu entre os anos de 1930 e 1973, ano do seu falecimento. No entanto, Josué mantém-se vivo na potência e reconhecimento das suas obras, como as excelências “Geografia da Fome” e “Geopolítica da Fome”, e lugares que ocupou e transformou, como sua presidência na Organização de Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO), entre 1951 e 1955, e o incentivo à criação do salário mínimo no Brasil.

O livro “Geografia da Fome” teve forte influência de dois escritores brasileiros, Rachel de Queiroz e José Américo de Almeida, romancistas da fome no país. Ademais, sua ótica e estudo pelas regiões do Brasil, permitiu um conhecimento das culturas e vidas impactadas de maneira distinta em cada região. Para além do conhecer, traz respostas para as causas subjacentes dos problemas citados, como a reforma agrária, distribuição equitativa de alimentos e promoção do desenvolvimento econômico.

Josué de Castro deixou muitos legados, mas o principal deles foi a desmistificação da fome, com sua multidisciplinaridade e complexidade dimensional.

Atemporal pela importância enquanto indivíduo e profissional e pela temática do tempo passado e presente: a fome. O futuro não nos traz perspectivas de soluções a curto e médio prazo, mas ainda há de “esperançar”.

Por fim: “os ingredientes da paz são o pão e o amor” – do eterno e presente, Josué de Castro.

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